sexta-feira, 5 de junho de 2015

Quinta Tarantinesca #16 - Kill Bill vol.02

  Olá, nerdões e nerdonas desse meu Brasil varonil. Hoje irei terminar a análise iniciada semana passada de Kill Bill falando sobre o Vol.02, como prometido na última Quinta Tarantinesca. Sim, eu sei que hoje não é quinta, mas um mago nunca se atrasa. Ele sempre chega na hora certa.
  Apenas lembrando que tem pedaços de spoiler espalhados por todo o post. Então TEJE AVISADO!
  E caso não tenha visto o post da primeira parte, CLIQUE AQUI.


  Agora que a Mamba Negra já havia assassinado grande parte do grupo de Bill, a história do filme começa com ela no carro fazendo um monólogo lembrando a você o que ela tinha passado, assim como as recapitulações de séries e desenhos animados. E você consegue sentir que o sentimento de vingança de Kiddo não diminuiu nem um pouco, pois ela está dirigindo direto para o trailer do irmão de Bill, Budd, o Cascavel, em busca de respostas.
  No entanto, não somos recebidos por mais uma cena incrível e exagerada de ação, mas um Budd preparado, que logo de começo mete dois tiros nos seios de Kiddo e a enterra ainda viva no caixão em uma das cenas mais desesperadoras e claustrofóbicas que já vimos no cinema.


  Budd então chama ninguém menos que Elle Driver, a Cobra Californiana, para vender a espada de Hanzo de Kiddo por um milhão de dólares. E é aí que Tarantino consegue enfatizar ainda mais o motivo do grupo de assassinos terem nomes de cobras. Eles são tão traiçoeiros a ponto de um enganar o outro para lucrar por cima. Mas Budd em sua ganância nunca iria esperar uma mamba negra, dentro de uma maleta cheia de dinheiro. E é aí que ele e seu chapéu de cowboy morrem com o veneno da víbora, esparramados em cima do dinheiro, enquanto a Cobra Californiana liga para Bill falando que foi Kiddo que o matou.


  Logo em seguida conhecemos mais sobre o insano treinamento de Beatrix com o icônico mestre das artes marciais Pai Mei (do chinês “Sobrancelha Branca”), que, embora seja rígido, nos agrada com as cenas mais engraçadas dos dois filmes inteiros.


  O personagem já havia aparecido no filme “Carrascos de Shaolin”(1977), de onde Tarantino resgatou e o trouxe de volta com a ajuda de Gordon Liu, que o interpretou magnificamente no longa.
E é usando os ensinamentos de Pai Mei que Kiddo consegue fugir do caixão que estava enterrado com ela dentro. Usando o soco de uma palma de distância ela quebra a madeira e foge, para finalmente encontrar Elle a esperando no trailer.
  A Cobra Californiana havia sido treinada por Pai Mei também, o que poderia ser algo difícil para Kiddo se ela não tivesse sido rejeitada pelo mestre, que arrancou um de seus olhos. Então a Mamba Negra se certifica de terminar o trabalho dele arrancando o outro olho dela, e deixando que a víbora no trailer tivesse o desprazer de finalizar ela.


  Então finalmente chegamos ao ponto crucial da história, o fatídico dia em que Beatrix finalmente encontra Bill, o homem que ela amou, e que a traiu. Mas o ponto que mais me anima nessa parte do filme é a calmaria que se tem durante grande parte dela. Você, assim como Kiddo, já está cansado das lutas exageradas, e quer que ela se resolva logo. Mas não antes de uma explicação, é claro.


  Embora Beatrix chegue com desejo de vingança, a primeira coisa que encontra é ninguém menos que a sua filha, que acreditava estar morta. Ela sucumbe ao descobrir esse fato e com Bill tentando a convencer de que sua busca por vingança era desnecessária, já que o laço entre eles ainda estava vivo e ele se arrepende do que fez.


  Mas o que mais me deixou intrigado nessa parte foi um monólogo memorável feito por Bill, que na verdade é um monólogo pro próprio Tarantino, expondo sua fascinação sobre a cultura pop, mais precisamente sobre as histórias em quadrinhos, comparando Beatrix com Superman, um diálogo que teve grande influência no livro de Jules Feiffer, “The Great Comic Book Heroes”(1965). Um fato interessante é que essa cena veio a ser a inspiração do diretor Brandon Routh para a produção do filme “Superman: O Retorno”(2006).


  Beatrix tinha nascido com o dom da morte, assim como sua filha já conseguia demonstrar em certos momentos. Ela não podia esconder o fato de ser uma assassina, pois ela era uma assassina. O fato de ter abandonado ele para fingir ser uma pessoa normal e casar-se com outro o tinha magoado profundamente, e ele havia decidido que preferia ver ela morta do que fingindo ser algo que não é.
  Esse artífice que o diretor/roteirista usa para usar suas próprias palavras no personagem e que se encaixam perfeitamente na história, veio a ser utilizado novamente em outros filmes do queixudinho, como Bastardos Inglórios, próximo filme que será analisado aqui no blog, e que Tarantino almejava filmar antes de Kill Bill, mas que não o fez pois não havia escrito um final bom o suficiente para sua obra prima.


  Por fim, temos a conclusão da história com a tão aguardada vingança de Beatrix, que utiliza um golpe secreto o qual após 5 passos a pessoa atingida teria o coração explodido dentro do peito, típico de filmes japoneses e mangás. Bill aceita seu destino e caminha para a morte após se despedir. E o filme finaliza com a visão feliz da mãe e filha dirigindo para tão aguardada paz.
Tarantino acertou em cheio essa mistura de tantas culturas, de forma que nada ficou forçado o suficiente, apenas cômico e exagerado o bastante para tornar Kill Bill vol.01 e vol.02 um sucesso não somente entre o público cult, mas entre todos os fãs de ação da época, provando que ele sabe muito bem exercer seu trabalho.


 Caso queira saber mais curiosidades sobre o filme e as milhares de obras que serviram de inspiração, pode conferir AQUI. Mas já vou avisando que não encontrei em português, então terá que assistir em espanhol ou com legendas em inglês, pois se fosse colocar aqui no post, ia ficar ainda mais gigante do que já está.


  Ficamos por aqui por hoje, pessoal. Espero que não tenha matado vocês de tédio, pois preferia matar de uma maneira mais dolorosa e sangrenta... digo, espero que tenham gostado do post. Caso tenha faltado algo ou tenha escrito alguma besteira, é só deixar o comentário aqui ou no facebook, que nossos shaolins altamente treinados em arrancar olhos e corrigir posts irão aparecer para completar a missão.
  Até semana que vem com o Lucas nos guiando na obra-prima de Tarantino, o magnífico, Bastardos Inglórios!

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