quinta-feira, 28 de maio de 2015

Quinta Tarantinesca #15 - Kill Bill vol.01

   Olá, nerdões e nerdonas. Hoje estamos de volta com mais um queixudo e sangrento Quinta Tarantinesca! No entanto, hoje Luquinhas passou o volante para mim, Jean, e estarei guiando vocês nesta aventura cheia de vingança, reviravoltas, katanas e membros voando pra todo lado. Então apertem os cintos se não quiserem voar pelo para-brisas!

  (Apenas lembrando que o post contém spoilers do filme, então, como sempre, se ainda não assistiu, guarda o link e vai assistir antes de voltar aqui.)


   Kill Bill, lançado em 2003, inicialmente era para ser lançado como um único filme, contando a história de Beatrix Kiddo, a Mamba Negra, ou a Noiva se preferir. No entanto, devido ao longa ter ficado muito longo (trocadalho do carilho), o filme teve que ser divido em duas partes, o vol.01 e vol.02. Embora não tenha sido de propósito de início, é algo que combinou muito bem com o estilo que nosso querido Tarantininho escolheu dar ao filme, afinal, temos uma clara homenagem ao gênero de desenho conhecido como anime, nativo do Japão, o qual, entre muitas outras características, tem o costume de deixar uma história sem final com uma reviravolta que faz o leitor querer assistir o próximo episódio para saber como acabará esse conflito. É claro que não é uma característica somente do anime, já que é uma técnica utilizada em vários meios, até mesmo em novelas e livros, mas é algo que deixou um efeito muito interessante nessa série de filmes.


  Mas não para por aí, embora Kill Bill seja considerado um filme nipo-americano (nipo referente ao estilo japonês), Tarantino conseguiu fazer o que sabe fazer de melhor, juntar diversas culturas em um único longa para criar uma obra prima. As gravações foram feitas em diversos lugares, como Estados Unidos, México, Japão e China, se certificando de que cada um desses lugares marcasse visualmente e culturalmente em cada cena.
  Beatrix e Bill eram de um grupo de assassinos profissionais sem igual. Grupo esse que foi mencionado até mesmo em um de seus filmes anteriores, Pulp Fiction (1994), pela personagem Mia Wallace, feita pela bela Uma Thurman, amor não tão secreto de Quentin, que veio a interpretar as duas personagens.
  No velho filme do queixudinho, Mia diz que participou de um programa de TV o qual havia uma loira, que era a líder; uma japonesa, que era mestre em kung fu; uma garota negra, que era especialista em demolição; uma francesa, especialista em sexo; e a personagem que ela mesma interpretou, a mulher mais perigosa do grupo com um objeto cortante.


  Essa conexão entre filmes se mostra muito interessante, exatamente pelo fato de que esses dois longas vieram a ser inspirados por histórias em quadrinhos. Pulp Fiction veio a ter relação com as histórias “pulp”, que era o nome do papel barato utilizado para impressão de quadrinhos antigamente. Já Kill Bill vem direto dos mangás e animes japoneses, os quais o personagem principal geralmente é imbatível e chuta a bunda de todo mundo, assim como Beatrix, a mulher letal que utiliza uma katana como arma, esta que vem a ser um ícone da cultura japonesa.
  O contexto do filme se baseia na vingança de Kiddo após o incidente o qual Bill tentou matá-la depois que ela o abandonou para casar com outro rapaz e ter uma vida qualquer em uma cidadezinha do México. Bill ainda a amava, mas não podia perdoá-la devido ao que ia fazer, então chamou os outros membros do grupo para irem ao ensaio do casamento dela e matar todos dentro da igreja, incluindo a própria Beatrix, que além de tudo estava grávida de Bill. No entanto, a garota se mostra dura na queda, e não vem a falecer. Então logo que acorda depois de longos anos de coma, começa a sua procura pela vingança.


  E nosso querido Tarantino não nos desaponta. Logo na cena de abertura do filme, somos apresentados à uma Beatrix já recuperada visitando uma velha companheira do grupo do Esquadrão Assassino de Víboras, a Vernita Green, especialista em demolições, interpretada por Vivica A. Fox. É aí que somos apresentados com uma cena que inicialmente parecia calma, como se fosse apenas um reencontro de amigas em uma tarde ensolarada. Mas, assim como aconteceria se duas amigas vestissem a mesma roupa em uma festa, as duas partem para um combate de kung-fu violento utilizando tudo que encontram na casa como arma. E embora as duas destruam tudo a casa e tentem se matar, a cena é interrompida comicamente pela filha de Vernita que chega da escola e é mandada para o quarta para que a mamãe tenha uma conversa de adulto com a amiga dela.


  Embora seja uma cena totalmente fora da casinha, assim como em todos os filmes de Tarantino, naquela única cena você descobre qual seria o ritmo que o filme traria, quais as motivações da personagem, e também sua personalidade. E tudo isso é acompanhado por nada menos que as trilhas sonoras marcantes que Quentin nunca deixa de incluir em seus filmes e que combinam muito bem com o estilo.
  “Quando vou assistir a um filme de Tarantino fico ansioso para ouvir a trilha sonora. Sua genialidade musical e tino para encontrar a música certa é algo espantoso. Por vezes eu não consigo entender a razão que o fez escolher esta ou aquela trilha sonora para “emoldurar” uma cena. Geralmente a trilha em si não é apropriada (ou não seria apropriada) para determinada cena e, no entanto, ao assisti-la percebe-se a genialidade da escolha. Só Tarantino mesmo para conseguir juntar num mesmo momento cenas e músicas tão díspares entre si e torná-las únicas e especiais.” Fonte: Blog Mais de 140 Caracteres

  O resto do filme se trata do desenvolvimento da história de vingança de Beatrix, mostrando o início de seu treinamento doloroso com Pai Mei, aquele mestre de artes marciais icônico de cabelo branco e barba grande, no passado, e os eventos atuais, que a levaram até o Japão para conseguir uma espada lendária com Hatori Hanzo, que seria necessária para concluir seu objetivo. E logo após isso somos introduzidos à história de O-ren, a mestiça japa com sardas interpretada pela linda Lucy Liu, tiveram a brilhante ideia de apresentar através de uma animação bem ao estilo japonês. E é no embate entre essas duas personagens que temos uma das melhores cenas de ação do cinema feitas até hoje.


  Na cena intitulada “Confronto na Casa das Folhas Azuis” podemos notar a empolgação e a genialidade de Tarantino com sangue e membros espalhados pra todo lado em uma provação onde Beatrix luta com apenas uma katana contra dezenas de outros guerreiros de um clã, além da estranha e letal Go-Go Yubari ao som de uma banda japonesa da década de 80, "The 5.6.7.8's". O interessante é que foi preciso tanto sangue falso nessa cena, que em alguns momentos foi preciso improvisar com bolsas de água para encenando o sangue esguichando das centenas de ferimentos causados naquela confusão toda.


  Logo em seguida depois da morte de Go-Go, partimos para uma das cenas finais, o embate entre Kiddo e O-ren, bem ao estilo samurai com western, onde a japinha finalmente recebe o que merecia.
Em seguida temos a conclusão do filme com os integrantes restantes do grupo se preparando para a volta de Beatrix, a loira montando a lista de nomes, e Bill perguntando à Sofie Fatale se Kiddo sabia que a filha dela estava viva, fazendo com que o povo no cinema na época se contorcesse na cadeira querendo saber como acabaria a história. Aí acaba com a imagem do Tarantino com cara de mal rindo maleficamente apontando pra sua cara.
... Ta, a parte do Tarantino rindo não tem no filme. Mas seria bem legal se acontecesse. xD


  Bem, terminamos por aqui essa Quinta Tarantinesca, meu povo. Mas não se preocupe, pois semana que vem teremos a conclusão de Kill Bill com a análise do vol.02, junto com algumas curiosidades sobre o filme, caso não fique gigantesco o texto, como ficou esse. Fico sempre animado para escrever quando o assunto envolve histórias em quadrinhos e filmes muito bem produzidos. Mas caso tenha escrito alguma abobrinha, me ajude a corrigir para que nenhum super-fã comece uma jornada assassina para vingar minha falta de atenção.
  Até semana que vem com mais uma tentativa de delícia. O/

Um comentário:

  1. (Pausa para eu conseguir mover os meus dedos e digitar, depois de ficar com a mão estatuada lendo esse longo post)
    O post ficou ótimo.
    Eu até apontaria os erros e cortaria sua cabeça, mas vi esse filme quando era pequena admito que senti uma enorme vontade de rever. Lembro que achei fantástico todo aquele sangue, cabeças voando, troncos esguichando sangue. Acredito que Tarantino teve uma enorme influência do filme Battle Royale, que ele admite ser muito fã. Irei rever a trilogia antes do segundo post, estou no aguardo. :)

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